Horácio Cintra de Magalhães Macedo nasceu no Rio de Janeiro em 1925 e formou-se em Química Industrial pela então Universidade do Brasil, atual UFRJ, em 1947. Ainda jovem, dividiu-se entre a música, como violinista, e a ciência, optando por dedicar-se à carreira acadêmica nas áreas de Química e Física. Desde o início, destacou-se como docente rigoroso e engajado, lecionando em diferentes instituições, como o Instituto de Química da UFRJ, a Faculdade Nacional de Filosofia, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Sua atuação concentrou-se especialmente na físico-química, área em que construiu sólida reputação científica.
Ao longo de sua trajetória, Macedo escreveu diversos livros didáticos fundamentais para a formação de gerações de estudantes, entre eles Teoria Cinética dos Gases, Físico-Química e Dicionário de Física. Também traduziu numerosas obras técnicas, tornando acessível ao público brasileiro a literatura científica internacional, e publicou dezenas de artigos que consolidaram sua contribuição intelectual. Sua produção acadêmica foi marcada tanto pelo compromisso com o rigor científico quanto pela preocupação em oferecer instrumentos de ensino de qualidade.
Na UFRJ, exerceu funções importantes, sendo decano do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza e, em 1985, eleito o primeiro reitor escolhido pela comunidade universitária — um marco para a democratização da instituição no período de redemocratização do Brasil. Como reitor, buscou fortalecer a graduação, a pós-graduação e a extensão, além de ampliar a infraestrutura da universidade, promover concursos docentes e defender a autonomia universitária. Embora tenha sido reeleito em 1989, não pôde exercer o segundo mandato por decisão jurídica que considerou inconstitucional a recondução.
Sua vida acadêmica também foi marcada pelo engajamento político e pela resistência. Militante de esquerda e vinculado ao Partido Comunista Brasileiro, sofreu perseguições e teve seus direitos cassados durante a ditadura militar, mas manteve a defesa de uma universidade pública, democrática e socialmente comprometida. O reconhecimento à sua trajetória veio ainda em vida, com homenagens como a Medalha Pedro Ernesto da cidade do Rio de Janeiro em 1997, e se estendeu após sua morte, em 1999, quando seu nome foi dado a espaços acadêmicos e culturais. O legado de Horácio Macedo combina excelência científica, dedicação ao ensino e compromisso com a autonomia e a transformação da universidade brasileira.